Melhorar a experiência dos pacientes nos tratamentos e cuidados obtidos é e sempre será uma questão importante para a Global Lung Cancer Coalition (GLCC) e para os seus membros como a Pulmonale. Existem, no entanto, poucos dados que comparem as diferentes experiências dos pacientes entre os vários países.
O GLCC tentou então obter diferentes perceções sobre as experiências dos pacientes com cancro do pulmão, através de um inquérito feito entre a sua rede de associações de apoio ao paciente, entre as quais a Pulmonale, para chegar a um relatório online multinacional com pacientes em todo o mundo.
Ao longo deste artigo apresentaremos as conclusões que foram atingidas no que diz respeito a Portugal, incluindo as comparações com os restantes países participantes.
Assim, no total foram 907 os pacientes e cuidadores que responderam à pesquisa, sendo que 16 dessas respostas vieram de Portugal. Globalmente, a maioria (73%) dos entrevistados foram mulheres. Portugal foi o único país que apresentou uma divisão equilibrada entre homens e mulheres inquiridos.
Quanto ao momento em que foram diagnosticados com a doença, em Portugal a idade mais comum foi entre os 50 e os 59 anos, seguido por 19% dos inquiridos com o diagnóstico entre os 65 e os 69 anos. Ao mesmo tempo, o nosso país apresentou uma proporção mais elevada que os outros países nos diagnosticados entre 0 a 14 anos.
O inquérito mostrou também que alguns pacientes não sabem que tipo de cancro de pulmão têm ou tiveram. 13% no total e 7% no que diz respeito a Portugal.
Este é um dado importante pois saber que tipo de cancro do pulmão um paciente tem afetará as opções de tratamento disponíveis bem como ajudará a que sejam capazes de compreender as suas escolhas e se sentirem confiantes nas decisões sobre os tratamentos.
A evolução da pesquisa sobre o Cancro do Pulmão ao longo do tempo mostrou que não existem dois tipos de cancro iguais. As características moleculares de um tumor – os seus biomarcadores – podem ser usadas para ajudar os médicos a decidir qual tratamento pode funcionar melhor em cada paciente. Felizmente Portugal teve uma das maiores proporções de entrevistados que disseram ter feito um teste de biomarcador (63%).
Quanto aos tratamentos efetuados, Portugal mostrou ser o país com a maior parte dos inquiridos tratados com recurso à cirurgia. (56%) Este tipo de tratamento é ainda a melhor opção disponível para tratar doentes com cancro do pulmão no estágio I e II.
O inquérito permitiu ainda perceber que 25% dos entrevistados foi tratado com recurso à radioterapia bem como a imunoterapia e que somos também o país que teve uma maior percentagem de pacientes que foram tratados com recurso à quimioterapia.
O cancro do pulmão é uma doença que muda vidas e, como tal, é importante ter um acompanhamento profissional e um suporte familiar e pessoal durante o tratamento do mesmo. Este foi outro dos pontos que a GLCC tentou averiguar com o seu inquérito.
Em Portugal, um terço dos inquiridos afirmou ter tido ajuda psicológica durante todo o processo, o que é um número inferior por exemplo ao da Espanha onde 59% dos casos procuraram este tipo de ajuda. Ainda assim, por outro lado, fomos o país que mais procurou apoio fisioterapêutico e de reabilitação pulmonar com 50% dos inquiridos a responderem afirmativamente a este ponto.
Por fim, tanto no GLCC como na Pulmonale acreditamos que todos os pacientes devem ser totalmente informados e envolvidos em todas as decisões sobre os seus tratamentos e cuidados. Os resultados da pesquisa foram dispares pelos vários países sendo que Portugal foi o único país em que nenhum inquirido disse não se sentir envolvido nas decisões sobre o seu tratamento, sendo que também todos disseram que sempre se sentiram tratados com dignidade e respeito pelas equipas médicas, algo muito importante para a GLCC e, neste caso, para a Pulmonale, e que infelizmente nem sempre aconteceu nos restantes países onde o inquérito foi realizado.
Pode ler o relatório completo aqui.