Decisão sobre o melhor tratamento
Se o tumor for maligno (ou seja, cancro), o que é determinado através da biópsia (procedimento cirúrgico no qual se colhe uma amostra de tecidos ou células para ser estudada em laboratório), a informação é avaliada numa consulta multidisciplinar. Nessa consulta de grupo reúnem-se profissionais de várias especialidades – anatomia patológica, cirurgia, enfermagem, nutrição, oncologia, pneumologia, psicologia, radiologia e radio-oncologia – que analisam e discutem os resultados dos exames, decidindo a estratégia a seguir no caso do/a doente.
O melhor tratamento para o/a doente é decidido em função de:
- Localização e tipo de cancro do pulmão: Carcinoma do pulmão de pequenas células, e carcinoma do pulmão de não-pequenas células (carcinoma de células escamosas ou epidermoide/pavimentoso, adenocarcinoma, e carcinoma de grandes células). Há ainda indiferenciados e mistos, o mesotelioma maligno (na pleura – membrana que forra os pulmões) e o carcinoma metastático (com origem noutro órgão).
- Existência de mutações genéticas do tumor: Testes genéticos (e.g., EGFR, K-Ras e ALK) ajudam a determinar se o tumor tem estes marcadores e é portanto sensível a tipos específicos de tratamento (terapia dirigida).
- Tamanho e extensão da doença: Estádio do tumor (TNM).
- Estado geral e doenças pré-existentes: capacidade cardio-respiratória, e outras características fisiológicas, psicológicas e socioculturais.
Os diferentes tipos de tratamento podem ser realizados isoladamente ou combinados entre si, em sequência ou simultaneamente.
Um dos maiores problemas do tratamento do cancro avançado é a resistência que as células tumorais desenvolvem aos tratamentos. Para prevenir essa resistência, fazem-se planos com diferentes tipos de tratamento ou com diferentes medicamentos usados em sequência.
O plano de tratamento deve ser complementado com terapêutica de apoio procurando obter os melhores resultados possíveis do tratamento e a melhor qualidade de vida, o que inclui medicamentos para controlar a dor e outros sintomas do cancro, bem como para aliviar efeitos secundários do tratamento, sendo também importante o apoio por parte do nutricionismo e da psico-oncologia.
Prevenir também é tratar: Muitos casos de cancro podem ser evitados através da alimentação e estilos de vida saudáveis, restrições no consumo de tabaco e álcool. O mesmo acontece com as recidivas (o cancro volta a manifestar-se após ter havido remissão).
Caso seja fumador/a, está demonstrado haver melhores resultados nos tratamentos nos doentes que deixam de fumar. Pode para este efeito precisar de apoio, o que é normal, visto tratar-se de uma dependência. Além das consultas de cessação tabágica existentes nalgumas unidades de saúde, tem também ao seu dispor consultas especializadas na Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão.
É importante que os doentes estejam cientes da informação atualizada sobre os diferentes tratamentos, para que possam também ser uma parte ativa neste processo, discutindo as possibilidades de tratamento e o que pode ser adequado para eles juntamente com o/a seu/sua médico/a. Esta atitude facilita a colaboração, a adesão ao tratamento, e uma reação ativa e positiva à doença por parte do/a doente.
O choque após um diagnóstico de cancro pode tornar difícil pensar com clareza em todas as dúvidas que quer esclarecer com o/a médico/a. Pode por isso ser útil elaborar, antes da consulta, uma lista das perguntas a colocar. Antes de iniciar o tratamento, e eventualmente quando este tiver de ser redefinido, poderá colocar questões ao seu médico como por exemplo as que se seguem:
- Que tratamentos são recomendados para o meu caso?
- Que benefícios posso obter com essas opções?
- Quais os possíveis efeitos secundários e quanto tempo duram?
- Como é possível controlar esses efeitos secundários e a quem devo falar sobre eles?
- As minhas actividades normais do quotidiano pessoal e profissional vão ser alteradas?
- Quando terá início o tratamento e quando termina?
- Como vai ser feita a avaliação dos efeitos do tratamento, da ausência de recidiva (ou seja, que ao longo do tempo não há ressurgimento da doença) e de efeitos secundários que possa ter a longo prazo? Com que frequência é feita essa avaliação?
- Quais são os profissionais que vão estar envolvidos no meu tratamento e na minha reabilitação?
- Que tipo de cuidados continuados deverei ter, durante o tratamento e depois dele?
- Poderei esperar voltar às minhas actividades normais do quotidiano pessoal e profissional?
- Quanto custará o tratamento?
- Justifica-se o recurso a ensaios clínicos (ou seja, a estudos sobre novos tratamentos) adequados para o meu tipo de tumor e ao meu caso? Será que me enquadro nos critérios de inclusão dos estudos que estão a recrutar doentes?
Antes de iniciar o tratamento, pode querer ouvir uma segunda opinião acerca do diagnóstico e das opções de tratamento, um direito e uma necessidade que é fácil de perceber. Há situações, contudo, em que é necessário fazer tratamento imediato, logo é importante referir este possível atraso ao/à seu/sua médico/a para verificar eventuais consequências indesejáveis. Este atraso em todo o caso deve ser mínimo.
Por vezes considera-se a possibilidade de recorrer ao estrangeiro na busca de um melhor tratamento. Pondere razoavelmente essa decisão antes de a tomar, e peça o parecer do/a seu/sua médico/a sobre as vantagens para o seu caso particular. As normas de orientação clínica em oncologia, para o diagnóstico e o tratamento, estão definidas e publicadas a nível Europeu e mesmo Mundial, ou seja, seguem-se as mesmas normas em praticamente todos os países. Grande parte dos centros nacionais são inclusivamente centros de referência e de qualidade reconhecidos internacionalmente, sendo também nestes realizados estudos e ensaios clínicos internacionais.
Nalguns casos considera-se recorrer à chamada medicina alternativa (produtos das ervanárias, homeopáticos, suplementos alimentares, etc.). Deve estar consciente de que não há por detrás dessas terapias alternativas um corpo de investigação científica, peritos e organizações internacionais credíveis, e normas mundiais estabelecidas. Não só o modo de ação e eficácia é desconhecido, como também a sua toxicidade e interações com medicamentos, o que exige portanto muita cautela quanto ao seu uso. Antes de decidir recorrer aborde as vantagens e desvantagens com o/a seu/sua médico/a.
Seja qual for o tratamento analisado e eventualmente escolhido, e sem prejuízo do papel que o ânimo desempenha no combate à doença, é fundamental não criar falsas expectativas. É também por isso essencial estar devidamente informado.
Pode já ter tentado um ou vários dos tratamentos descritos neste site e não ter obtido os resultados desejados. Isto não significa que não possa ter sucesso com outros tratamentos ou ensaios clínicos. O percurso de cada pessoa com cancro é único, mantenha-se informado e esperançoso/a.
Os diferentes tratamentos:
- Cirurgia
- Radioterapia
- Quimioterapia
- Terapêuticas biológicas
- Imunoterapia oncológica
- Outros tratamentos do cancro
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p>Este conteúdo tem um fim exclusivamente informativo e não substitui o aconselhamento médico. O/A seu/sua médico/a é a pessoa mais habilitada para responder-lhe a todas as suas dúvidas. Não hesite em procurar esclarecer-se por completo.
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